Por: Alexandre Mendes
Abri meus olhos bem devagar. As vistas pareciam coladas, evidenciando uma boa noite de sono...Espera aí! Que cama é essa? Hum...macia! MACIA?Que cama é essa?
Estava em um lindo e espaçoso quarto, preenchido por uma televisão gigante, tela fina: Um cinema! As paredes que conjugavam o cômodo eram repletas de livros. Levantei da cama e caminhei até uma das prateleiras: "Cem anos de solidão...Manual de medicina". Te juro, não acreditei. De repente, aprendi a ler!
- Juciney, acorda! - A voz vinha de outro cômodo da casa onde me encontrava.
Caminhei em direção ao apelo. Em uma sala gelada pelo ar condicionado, um senhor de bigode, terno e gravata, me fitava com uma chave na mão.
- Vai com a Pick up para a faculdade que, hoje, eu irei de Mitsubshi para o escritório.
"Pick up? Mitsubishi? Faculdade? Será que esse coroa é o meu pai? Puxa, eu nunca tinha visto ele!" Fixava-o, atônito. - Filho, você está bem? Margarida já botou o seu café.- Dizia ele.
Sentei na poltrona macia e fechei meus olhos por um segundo. O homem que se passava por meu pai tocava em meu ombro, carinhosamente. - Filho...vai se atrasar para a aula! Filho...filho... - A voz foi mudando o tom lentamente. O toque em meu ombro tornou-se um sacudir grosseiro.
- Filho...filho...Ô, FILHO DA PUTA! LEVANTA, PORRA! O almoço acabou!
Abri os olhos de verdade e voltei para a minha realidade. Levantei do chão, forrado com papelão; Guardei o pote vazio (que improviso de marmita na mochila); forrei novamente a cabeça com o pano velho e carreguei os quatro sacos de cimento até o círculo de areia: A medida do concreto era de três por um.
Esse conto me cortou a alma
ResponderExcluirMuito bem construído, a transição do sonho para a realidade foi um golpe, uma porrada para Juciney. Quantas vezes não acordamos de um sonho e ficamos desolados por ter sido só um sonho? Mas sonhar não é ruim, nos faz encarar uma outra realidade, às vezes melhor, às vezes pior, mas que nos inspiram para criar e transformar enquanto estivermos acordados.
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