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segunda-feira, 27 de junho de 2011

Sol e Lágrimas - Cap. XVIII



Por: Alexandre Mendes

Argumento: Fabio da Silva Barbosa



Antes de ir, Alcebíades entrou no mato para satisfazer suas necessidades fisiológicas.

Odimar verificou a pistola e a colocou no lado direito da cintura. Limpou a lâmina do facão, com um trapo velho e o amarrou do lado esquerdo.

Alcebíades levou o trinta e oito com ele.  “Só Deus sabe, o que me espera dentro do mato!” – Pensou o velho, com o revólver na mão.

Nonó acordou com o barulho que os dois faziam. Viu seu filho, guardando os objetos no lombo do cavalo. Ela estava morrendo de sede. Levantou mancando, por causa da mordida da cobra na perna e se aproximou de Odimar.

- Meu filho, eu tive um pesadelo horrível! Cadê o seu pai?



- Ora, ele está aqui. – Disse Odimar, apontando para o canto da mata.



-Onde? - Nonó não via Alcebíades, mas o escutava, como se estivesse saindo de dentro do mato. Fixou os olhos na direção da voz e seu coração palpitou muito forte, quando o capim se abriu e, de dentro dele, saiu o seu marido. Estava delirando.

- Meu bem, deite-se! Você precisa repousar! – Disse Alcebíades, colocando o revólver na cintura.

A mulher enlouqueceu. Tentou correr, mas Odimar a impediu, segurando a mãe pelo braço. Nonó encarou o filho e parecia ver uma assombração.

- Quem são vocês? Cadê minha família? AAAAAAAAAAAAA! – gritava Nonó, enquanto tentava se libertar das mãos de Odimar, que agora tentava lhe dar um abraço. A pobre mulher despencou nos braços do filho: um desmaio. A febre estava aumentando.

Odimar posicionou sua mãe, deitada de barriga para cima e amarrada no dorso do animal. Improvisou uma almofada para ela, com uma trouxa feita de trapos velhos.

Estava tudo pronto. Alcebíades pegou o animal pela rédea. Jogou o último gole de água do cantil, na boca de Nonó.

Odimar foi na frente, com o facão em riste, aparando  o matagal.

Caminharam por horas a fio, podando o mato em revezamento. As gargantas secas como a brisa da manhã.

Os pássaros cantavam, enquanto o sol subia no céu. “Vai fazer um calor daqueles!” – Pensou Odimar. Eles quase não se falavam, para poupar a saliva que já não tinham.

Quando o sol chegou no centro do céu, indicando meio dia, Odimar tinha certeza que já estavam próximos de Chiponápolis.

Enquanto isso, Nonó despertava do sono. Começou a balbuciar coisas sem sentido.

- São Cosme e São Damião... cadeira, cachorro, pedrinha!

-Mãe! Fique tranqüila que já estamos chegando! – Disse Odimar, enquanto aparava a mata.

- O ônibus pra Rivadávia...mato da porteira... a cor do peixe é azul...

Caminharam por mais umas três horas e, finalmente, chegaram a entrada de uma depressão. Podiam ver, de onde estavam, as primeiras casas surgindo no horizonte.

- Estamos chegando, Filho! Estamos chegando! – Disse Alcebíades, visivelmente emocionado.








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