TROPA DE ELITE
Por: Alexandre Mendes
-Opa, opa! Perdeu!- disse o policial que chegou sorrateiramente por trás do rapaz. - Fumando maconha na rua! Bonito! - E deu logo um cachação no pé da orelha do moço.
- Que isso! Peraí! É só uma pontinha. Estou chegando do serviço agora. Sou trabalhador. Não passa quase ninguém por essa rua, então decidi queimar aqui mesmo!
-HAHAHAHA! Ele falou que é trabalhador! - Disse o milico para o seu colega, que se aproximava com a pistola na mão.
- Trabalhador e maconheiro? Tu é vagabundo! - Gritou o soldado, enquanto golpeava o rapaz na barriga.
-Pô, eu sou servente de obra. Pode ver, minhas mãos são cheias de calos.- Murmurou o infrator, com a voz trêmula de medo. O segundo policial aproveitou as mãos estendidas do indivíduo e resolveu lhe dar um corretivo com o cacetete em suas palmas.
- Filho da puta! Só tem essa bagana? Cadê o bagulho?
- É só isso...- Olhos lacrimejando.- Só essa pontinha!
O policial que chegou primeiro fitou-o com os olhos vermelhos de ódio. Puxou uma trouxinha de cocaína do bolso e lhe disse:
-Ô seu mané! Isso aqui é seu e tu vai em cana.
-Não! Não! Por favor! Eu tenho uma filha pequena e...
- Tomá no cú! Não te perguntei nada!- Vociferou o soldado, dando-lhe mais um tapa na cara.- Meter você na cela dois. O xerife adora mulher magrinha! HEHEHEHE...
- Não... Espera, vamos negociar. Tô com o pagamento da semana aqui. Pode levar tudo. - Disse o servente de obra, já com a cara vermelha de tanto apanhar; face intumescida pelas lágrimas.
- Passa pra cá!- Ordenou um dos carrascos para a vítima. Após a contagem do vencimento da semana do indivíduo, o policial argumentou truculentamente:
- Cem é pouco! Dá o relógio!
O rapaz tirou o relógio do pulso e, rapidamente, o entregou a autoridade presente. Pensava em nunca mais passar por aquilo em sua vida. Entrar para uma igreja evangélica. Usar Deus para esquecer sua miséria, ao invés do fumo proibido.
-Ô otário, tá vendo essa reta aqui? Te dou cinco segundos para sumir no horizonte. - Ordenou-lhe, um dos homens da lei.
O elemento não pensou duas vezes: Como uma flecha, sumiu na esquina.
Os policiais seguiram na direção contrária, dobraram a esquina e entraram na patrulha.
- Segura sessenta contos que eu te devia dez, lembra?
-Tranquilo... fica com o relógio, pois não gostei da cor e...estica logo essa farinha no espelho que eu tô cheio de sono!
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