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terça-feira, 16 de agosto de 2011

COTIDIANO

Por: Alexandre Mendes


Tchaf! Tchaf! Tchaf! - Faz o som da batida de escovas.
- Vai graxaí, moço?
Meu nome é Durval Otellino. Moro no Morro da Providência, na altura da Barão de São Felix. Minha mãe, Dona Salustiana, costuma contar histórias sobre o morro. Ela diz que minha avó e ela, ainda pequena,  foram expulsas do Cabeça de Porco, o maior cortiço da época, por aqui. Acho que foi em 1904, 1905, por aí... Um tal de Pereira Passos mandou botar todo mundo para fora do cortiço. Elas passaram a madrugada no relento... tadinhas...
Daí, subiram para o Morro e fizeram um puxadinho.
Eu nasci e cresci, no Morro da Providência.
Temos muitos malandros e capadócios, na área. Mas, posso afirmar que a maioria trabalha.
Eu engraxo sapatos, na recém construida, Avenida Presidente Vargas.
Daí, ganho alguns réis, subo a ladeira e tomo uns gorós, na barraca do Tião.
Acho que, com o Velho no Governo, meus filhos não vão precisar engraxar sapatos, como eu. Oh! Sim! Eles irão estudar! Serão doutores, um dia!



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