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terça-feira, 31 de maio de 2011

FÉRIAS,FÉRIAS,FÉRIAS...

Salve!
Entrei de férias do meu serviço assalariado, hoje. Vocês devem ter a noção do quanto significa isso. Longe dos puxa-sacos que te estressam; longe de regras que te atormentam; longe de tudo que você não suporta! Um gosto na garganta de relativa liberdade...Ah! LIBERDADE! Trinta dias de LIBERDADE!
E para comemorar o momento, um poema de Álvares de Azevedo.
Hoje, não tenho hora para dormir e, tampouco para acordar.


Por que mentias?

 Álvares de Azevedo


Por que mentias leviana e bela?
Se minha face pálida sentias
Queimada pela febre, e se minha vida
Tu vias desmaiar, por que mentias?
Acordei da ilusão, a sós morrendo
Sinto na mocidade as agonias.
Por tua causa desespero e morro...
Leviana sem dó, por que mentias?

Sabe Deus se te amei! sabem as noites
Essa dor que alentei, que tu nutrias!
Sabe esse pobre coração que treme
Que a esperança perdeu por que mentias!
Vê minha palidez - a febre lenta
Esse fogo das pálpebras sombrias...
Pousa a mão no meu peito! Eu morro! Eu morro!
Leviana sem dó, por que mentias!

sábado, 28 de maio de 2011

Sol e Lágrimas - Cap. XIII



Por: Alexandre Mendes





Não demoraram muito tempo conversando, pois sabiam que o pessoal da fazenda viria atrás deles.

    Odimar entrou na casa e enfiou na sacola velha tudo o que pode carregar de sua casa. Ele ainda trazia consigo a pistola e, as vezes, mudava a ferramenta de lado na cintura, para não incomodar tanto durante o percurso da fuga. Guardou o facão em uma cinta velha de couro que encontrou no meio da bagulhada. Ela havia sido de Estênio, filho único de Seu Sebastião. Odimar lembrou bem o que passou nas mãos de Estênio, enquanto prestou serviço para a Fazenda Pirucutú. O filho do velho gostava de ir a cavalo até os pastos da fazenda, onde só havia ovelhas, crianças e carrascos. Possuía um chicote de couro e quando cismava com um dos moleques, metia a chicotada. Certa vez, o próprio Odimar foi surrado pelo chicote de Estênio. Levou vinte chibatadas nas costas, amarrado em um pé de goiaba nos fundos da fazenda. Foram noites difíceis de dormir, pois suas costas ficaram em carne viva. O único auxílio que teve de Seu Sebastião foi a permissão de lavar as feridas duas vezes ao dia. As marcas na carne ainda estavam lá, trazendo a triste lembrança do episódio.

Odimar levou um susto quando chegou a conclusão de quem iria assumir o controle da fazenda, após o enterro de Seu Sebastião: O filho monstro do velho canalha, Estênio.

    Arrumaram as tralhas, amarradas sobre o dorso do cavalo, pois decidiram ir a pé até onde aguentassem, enquanto o cavalo levava as ferramentas, os trapos e as bugigangas.

    Visualizaram o horizonte a procura de orientação. Concluíram que se seguissem em direção a oeste, por uma trilha antiga, existente próximo a cabana, chegariam a cidade de Chiponápolis. O local parecia ser uma boa opção de refúgio para eles. Nonó lembrou dos cem reais que estavam com Odimar. – Vamos para Chiponápolis. Lá, a gente encontra um lugar confortável para dormir.

Alcebíades conhecia bem a cidade, pois trabalhara durante um certo tempo na Feira do Centro. Trabalhara ali dos oito aos vinte anos, vendendo aipim na barraca de Seu Santino. A merreca de salário que ganhava, ajudava no sustento da casa de Dona Feliciana, viúva que cuidava dos órfãos da seca que apareciam perambulando pela cidade. Era ele e mais doze meninos e meninas, quase todos empregados na Feira do Centro. Dona Feliciana tinha o apoio do pequeno comércio da região. Alcebíades sentiu-se bem em saber que iria visitar o local e, quem sabe, matar saudade dos velhos amigos. Mas sentiu, ao mesmo tempo, uma pontada no coração, pois lembrou que a casa onde morava quando criança não existia mais. Com o modesto crescimento da cidade, sua casa foi demolida e no lugar, construíram um posto de gasolina.

     Caminharam quatro horas sem parar pela trilha oeste e já demonstravam cansaço. O cavalo colocava a língua para fora, parecendo sedento.

Em diversos pontos da trilha, Odimar teve que usar o facão para diminuir o capinzal e isso o havia deixado muito cansado. Chegaram até uma clareira provavelmente feita a facão por alguém que estivera ali, há pouco tempo atrás. As cinzas e restos de cascalho acusavam uma fogueira feita bem no centro da clareira.

Antes que escurecesse, Odimar limpou o resto do terreno com o facão, a pedido de Nonó, para que pudessem passar a noite no local. Enquanto isso, ela e Alcebíades foram juntar folhas e cascalhos secos no entorno da clareira.


CONTINUA...

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Repassando "Chegou por e-mail "

terça-feira, 24 de maio de 2011

Chegou por e-mail

Acessem para não perdermos !!!
.
Uma bela biblioteca digital, desenvolvida em software livre, mas que está prestes a ser desativada por falta de acessos. Imaginem um lugar onde você pode gratuitamente:
.
· Ver as grandes pinturas de Leonardo Da Vinci ;

· escutar músicas em MP3 de alta qualidade;

· Ler obras de Machado de Assis Ou a Divina Comédia;

· ter acesso às melhores historinhas infantis e vídeos da TV ESCOLA

· e muito mais....

Esse lugar existe!

O Ministério da Educação disponibiliza tudo isso, basta acessar o site: http://www.dominiopublico.gov.br/

Só de literatura portuguesa são 732 obras!

Estamos em vias de perder tudo isso, pois vão desativar o projeto por desuso, já que o número de acesso é muito pequeno. Vamos tentar reverter esta situação, divulgando e incentivando amigos, parentes e conhecidos, a utilizarem essa fantástica ferramenta de disseminação da cultura e do gosto pela leitura.

terça-feira, 24 de maio de 2011

51

Por: Nihildamus

Dizem que ela é traiçoeira
e suga todo o seu vigor
verba, tempo e pensamento
anestésico pra dor
carregas contigo a tua
injusta, pesada cruz
pagarás, pague, pagaste
da noite para o dia
mais um velho traste
NÃO!
A culpada nunca foi
A sedutora mordaz
RÉU!
Apresente-se ao júri
mundo quiti cerca
mundo quiti traz.

domingo, 22 de maio de 2011

Sol e Lágrimas - Cap. XII

Por: Alexandre Mendes


O rapaz ficou furioso e confuso com a confissão de sua mâe. - Como assim? O pai sabe disso?
Nonó continuava de cabeça baixa. - Eu trabalhei na faxina da fazenda quando chegamos aqui. E, meu filho, você sabe muito bem que ninguém podia dizer não para aquele desgraçado. Não, seu pai não sabe de nada até hoje. Mas eu acho que a gente tem que dar o fora daqui, o mais rápido possível. Deixa eu cuidar de sua orelha. Isso está horrível. - E realmente o sangue não parava de jorrar.
Nonó foi até o canto do cômodo, onde estava uma sacola plástica velha cheia de bugingangas. Revirou os cacarecos da bolsa e tirou uma calça jeans velha que tinha sido de Seu Alcebíades. Bateu o trapo na janela, passando por cima do cadáver. Pegou uma garrafa de aguardente guardada entre a bolsa e a parede. Pediu que Odimar se abaixasse para que ela pudesse limpar a ferida. Jogou o líquido diretamente na carne exposta, fazendo com que o filho desse um berro de dor. Amarrou o jeans velho em volta da testa de Odimar para proteger a ferida. – Muito obrigado, minha mãe.
O rapaz levantou-se do chão e se dirigiu até o corpo de Sebastião. Pegou a pistola do velho. Era uma Glock, calibre 380. Enfiou na cintura. Revirou os bolsos do morto e catou tudo que tinha dentro. Um maço de cigarros pela metade, um isqueiro, um pente de bala e 100 reais. Enquanto isso, Nonó encheu o cantil de água, pois sabia que precisariam se hidratar durante a fuga. Odimar deu o revólver velho para a mãe e saiu do casebre, com a pistola em riste. A mãe veio logo atrás. Desamarrou o puro sangue do pé de manga e ajudou Nonó a montar no cavalo. Pôs o pé no estribo e posicionou seu corpo sobre o dorso do animal. - Segura em mim que eu vou te levar até o pai.
Nonó abraçou seu filho sem largar o revólver. Odimar colocou a pistola na cintura e tocou o bicho em direção ao rio, a trilha que antes ele havia percorrido a pé. O trajeto entre pés de juazeiro e outros arbustos dificultara um pouco a viagem a cavalo. Levaram aproximadamente duas horas para chegar até a cabana de Odimar.
Nonó desceu do cavalo: suas costas doíam por causa da viagem. – Nunca gostei de cavalo. – Disse ela.
Alcebíades saiu da casa e correu até Nonó. Seu braço ainda estava na tipóia, um pouco menos inchado. – Então tudo correu bem até aqui?
Odimar lembrou-se da confissão de sua mãe e abraçou o velho. – Eu te amo, pai. Não foi fácil chegar aqui. Eu tive que matar.
- Matar? Quem você matou? – Perguntou o pai.
- Ele, pai. Seu Sebastião. O desgraçado arrancou a minha orelha com essa pistola aqui. Então eu dei um tiro na testa dele.
Alcebíades abraçou mais forte o filho, com o braço saudável. – Isso não importa. O mais importante é que vocês estão aqui comigo. Vamos fugir para bem longe daqui.




quarta-feira, 18 de maio de 2011

D.E.K. na área

                                                  ALMA
(Por Diego El Khouri)

luto contra a maré que me molha o rosto
as convicções que me movem a alma
os dias devoram, trincheiras gritam
o dinheiro que ganho mesmo pouco me envergonha
nas noites turbulentas me perco na bronha
fomes e miséria do meu lado na minha boca molhada
rindo uma garganta seca da última batalha
SOU SÓ
granito na areia movediça do acaso
acaso eu to vivo ou sinto os sentidos me cortar a face?
a face me levar pra mata
sozinho o infinito xinga  albergues de aljôfra subteendidas
em inúmeras máscaras que me mata
 na mácula do dessabor caminho
                                      VOCÊ ESTÁ COMIGO?
                                       VOCÊ ESTÁ COMIGO?
quem me move nessa terra triste num beijo amigo?
sinto você nua como o abismo
você solidão sem roupa de linho,  elegânica
sem paz
sem um minuto de paz.
Agora é isso: a doença me lavando a alma,
a barriga inchada,  cigarro na face
que empunho vil
frouxo e sem graça
clown embriagado
que dança nas esferas subliminares
necessito de novos ares
venha Rio de Janeiro
preciso fugir dessa louca cidade!
Conexões, tubos, válvulas, ferros, chapas, fábricas, concretos, bombas, gaxetas, parafusos, porcas, arruelas, discos de corte, pistola de pintura, registros,  equipamentos, máquinas, 
MÁQUINAS, MÁQUINAS, MÁQUINAS, MÁQUINAS MÁQUINAS, MÁQUINAS , MÁQUINAS, MÁQUINAS
me aniquilam a cara
fatiam a alma
me roubam a paz.
Que paz?

terça-feira, 17 de maio de 2011

Sol e Lágrimas – Cap. XI

Por: Alexandre Mendes

- Velhaco, filho da puta! –  Gritou Odimar furioso, apontando o revólver na direção de Seu Sebastião. – Levanta!
O velho fazendeiro parou de agarrar Nonó e pôs-se a levantar, dizendo: - Fica calmo que eu estou levantando.
 O olhar matreiro da raposa velha conseguiu confundir Odimar. Como se fosse um relâmpago, Sebastião sacou a pistola da cintura e atirou na direção de Odimar. – Morre! – Gritou o velho. O estampido da pólvora abafou o grito de Odimar: a bala acertou em cheio sua orelha direita, causando o seu desfalecimento por terra. Por ainda estar do lado de fora da cabana, o seu corpo ficou protegido da visão do velho. Um breve intervalo de silêncio do outro lado da janela – acompanhado pelos berros desesperados de Nonó no chão – fez com que Seu Sebastião acreditasse que o seu desafeto estivesse morto. Tomou equilíbrio de pé e caminhou cautelosamente até a janela.  Com a pistola apertada entre os dedos e a palma da mão, o velho esticou a cabeça para ver onde estava o corpo de Odimar e inesperadamente um estrondo preencheu o silêncio que vinha do exterior da cabana. Enquanto a fumaça do cano quente subia pela janela, o velho caia de joelhos no chão. A bala entrara bem no meio da sua testa, antes que esboçasse qualquer reação. Primeiro, a pistola escorregou da mão. Depois seu corpo tombou pro lado esquerdo.
 Nonó cessou de gritar e pôs-se a levantar do chão. – Filho! Você está bem? – Indagou, enquanto caminhava até a janela.
- Mãe! – Disse Odimar, enquanto se levantava. O tiro na orelha o havia abatido temporariamente, entretanto, não fora o suficiente para impedi-lo de se posicionar no solo e mirar na direção da janela.
Pulou o caixonete podre deixando um rastro de sangue no caminho. Sua orelha direita não existia mais. Sua mãe o abraçou fortemente, como se pedisse desculpas por todas as coisas tristes que ele passara em sua vida. – Senti sua falta. Por onde andou? Sabe de seu pai? – As perguntas de Nonó não paravam de surgir. No entanto, antes mesmo que Odimar pudesse começar a respondê-las, Nonó lembrou-se do corpo de Seu Sebastião caido no chão do cômodo. Largou seu filho e caminhou até o cadáver. Ajoelhou-se em frente ao corpo e pôs-se a chorar.
- Mas...eu não entendo...O que a senhora está fazendo? – Perguntou Odimar, confuso com a cena que presenciava na frente de seus olhos.
Nonó abaixou a cabeça, pegou fôlego e balbuciou algumas palavras que desnortearam Odimar:
- Ele era o seu verdadeiro pai.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Entre os textos velhos

Por: Alexandre Mendes

Achei esse texto para estudo de redação no meio da velha papelada. Quero ler a opinião de vocês.

POSIÇÃO DE POBRE
Proprietários e mendigos: duas categorias que se opõem a qualquer mudança, a qualquer desordem renovadora. Colocados nos dois extremos da escala social, temem toda modificação para bem ou para o mal: estão igualmente estabelecidos, uns na opulência, os outros na miséria. Entre eles situam-se - suor anônimo, fundamento da sociedade - os que se agitam, penam, perseveram e cultivam o absurdo de esperar. O Estado nutre-se de sua anemia; a idéia de cidadão não teria nem conteúdo nem realidade sem eles, tampouco o luxo e a esmola: os ricos e os mendigos são os parasitas do pobre.
Há mil remédios para a miséria, mas nenhum para a pobreza. Como socorrer os que insistem em não morrer de fome? Nem Deus poderia corrigir sua sorte. Entre os favorecidos da fortuna e os esfarrapados, circulam esses esfomeadas honoráveis, explorados pelo fausto e pelos andrágios, saqueados por aqueles que, tendo horror ao trabalho, instalam-se segundo a sua sorte e vocação, no salão ou na rua. E assim avança a humanidade: com alguns ricos, com alguns mendigos e com todos os seus pobres...
(CIORAM, E. M. Breviário de decomposição.
Trd. José Thomaz Brum. Rio de Janeiro,
 Rocco, 1989, pp. 113-4.)

sábado, 14 de maio de 2011

VOLTEI!!!!


Desculpem a minha longa ausência, aqui no espaço. Fiquei nove dias sem computador. O sem vergonha chegou agora pouco do conserto.
Admito que poderia ter ido a uma Lan House, mas, vocês sabem como é um lugar desses: cheio de crianças falando, não dá pra se concentrar e, no final, o resultado é uma merda.
Mas tá tranquilo, tô de volta!
Segue abaixo, o Capítulo dez de Sol e Lágrimas, a novela que não perde tempo beijando saco de rico empresário e estereotipando operário, como as sacais novelas da tv.
Em breve, estarei no espaço dos meus amigos, contemplando tudo aquilo de saboroso que não acompanhei, nesses últimos nove dias.
AMO VOCÊS!

Provérbio: Em banheiro que possui bidê, nunca saia enxugando o rosto em qualquer toalha.
Obrigado...

Sol e Lágrimas - Cap. X

Por: Alexandre Mendes

As tristes recordações do passado de Odimar foram interrompidas, enquanto ele se aproximava do velho casebre de seus pais. Agachou-se no interior do matagal, na intenção de camuflar-se. Começou a contemplar a cabana e os pensamentos depressivos retornaram a sua mente. Sentia saudades do que não teve a oportunidade de viver, naquele lugar.
As árvores ainda adornavam o entorno da paisagem. A pequena roça de Alcebíades estava do mesmo tamanho; da mesma forma que era, quando ele a viu pela última vez. A porta e as janelas do barraco, feitas com ripas de madeira, ainda mais carcomidas pelo tempo e pelas traças, eram as mesmas. O barro ressecado sobre a palha seca que Odimar colhera pela última vez, afim de retocar a parede, ainda estava lá.
- "Puxa! Que saudades!" - Pensou o rapaz, com lágrimas nos olhos. Lembrou-se do dia em que retornou para a casa dos seus pais. O período de sua vida, perdido no cativeiro, custou-lhe os melhores anos de sua adolescência. Retornou aos dezenove anos para casa. Treze longos anos desperdiçados, enquanto enriquecia o Coronel da região.
A lamentável falta de contato com as mulheres, forçou-o a praticar seus impulsos sexuais com as ovelhas da fazenda. A zoofilia fez parte de sua formação sexual, após os doze anos de idade. Quando chegou aos dezesseis, passou a poupar somente os filhotes. Odimar tinha certeza de que já havia violentado todas as ovelhas mais velhas, quando completou dezoito anos. Por mais que fosse vigiado, dava um jeito de desaparecer, por detrás dos arbustos, com os animais. Ao ser dispensado do serviço de pastoreio, Odimar iludira-se com a esperança de ser livre. No entanto, o amargo sabor da escravidão infantil, foi temperado com o fogo e o enxofre das plantações em que seu pai era servo. Seu trabalho passou a ser o de plantar, colher e, para a sua desgraça pessoal, alimentar os animais da fazenda. Enquanto as vacas matavam a sede no bebedouro, Odimar subia em um caixote e descarregava o seu stress. Enquanto os porcos se alimentavam da lavagem, Odimar aliviava o peso de seus testículos. O problema veio a tona, quando as galinhas começaram a aparecer mortas. As coitadas não conseguiam resistir ao furor sexual do rapaz.
O caso foi investigado pelo capataz Olivença. Ao ver as marcas do evidente estupro, o feitor acusou Odimar, perante o patrão, que acabou declarando a pena de castração para o rapaz. Felizmente, a punição fora reduzida para expulsão da região, após a incessante súplica de Nonó, que viajou a pé, durante uma semana, até a sede da fazenda, pedindo a clemência de Seu Sebastião. Por isso, Odimar tinha a consciência de que, se a sua vida havia sido poupada, foi por intermédio de sua mãe. Aquele momento era a oportunidade de retribuir o favor, salvando a vida de Nonó.
Odimar ainda contemplava a cabana, quando percebeu, entre os arbustos da lateral direita, um cavalo puro sangue pastando no local, amarrado a um pé de manga. Esgueirou-se pela mata, até o animal. Observou-o, atentamente, e não teve dúvida: Ele pertencia a Seu Sebastião.
Odimar suava frio e sua respiração era audível. Sacou o revolver da cintura e engatilhou a peça. Caminhou, meticulosamente, na direção da janela entreaberta.
- Não! Não! Me solta, seu cafajeste! - Era a voz de sua mãe, não havia dúvida. Odimar pôs-se de pé, em frente a janela, apontando a arma para o interior do cômodo. Seus olhos avermelharam-se de fúria, ao ver a cena que se desenrolava, dentro do barraco de seus pais: Nonó estava no chão, lutando por sua dignidade, enquanto um velho imundo a subjugava, violentamente, tentando tirar o seu vestido remendado. O estuprador era ele... o próprio... Seu Sebastião

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Mataram Bin Laden... E daí?


Por: Alexandre Mendes

Estou até agora tentando entender o interesse da imprensa brasileira, em transmitir a notícia sobre a morte do líder da Al Qaeda, com tanta alegria. Cheguei a escutar uma repórter dizer:
- O Ocidente comemora a morte de Bin Laden!
Segundo o noticiário, os americanos afirmam que após o assassinato, eles jogaram o corpo do príncipe saudita no mar. Será verdade ou apenas uma manobra política?
Tal desconfiança sobre a veracidade do fato, surge a partir da análise histórica sobre a política escroque e imperialista dos EUA. Digo isso, porque, até hoje, só vi a “Polícia do Mundo” gastar bala em lugares que despertam seu interesse financeiro ou pelo desejo de vingança.
Durante o fim da Segunda Guerra Mundial, o Japão tomou duas bombas nucleares na cabeça. A invasão nipônica em Pearl Harbor, com seus Kamikases suicidas, tornou os sonhos do presidente Henry Trumman em pesadelo. A única forma de apascentar a população norte-americana era causar a total devastação de Hiroshima e Nagazaki.
 O Oriente Médio tem sentido o mesmo tipo de pressão norte-americana, desde a invasão de Saddam Hussein no Kwait. Nesse episódio, o que estava em jogo, era o petróleo em território kwaitiano.
A questão é que, se mataram Bin Laden, cadê as provas? Fotos?
Não. Eles dizem que não mostrarão, por medidas de segurança. Mas, mesmo se mostrassem alguma prova, poderia ser apenas uma montagem, um efeito especial. Os norte-americanos fazem isso em filmes, como ninguém.
Quanto a Bin Laden, ele pode ter sido assassinado, ainda no começo da Guerra do Afeganistão. Mas, e daí?
Talvez, o EUA tenha só confessado agora, porque sua morte era um trunfo que, como em um filme americano, teria que acontecer no momento certo. A tentativa de desarticular a Al Qaeda e outros movimentos da extrema esquerda islâmica só causou o fortalecimento do ódio dos fundamentalistas.
Quanto ao Brasil, os países islâmicos nunca foram seus inimigos. No entanto, recordem-se das ditaduras Latino-Americanas, financiadas pelo EUA. A desculpa era o “inimigo comunista”. Quanta miséria passou o povo da América do Sul! Empobrecimento dos mais desfavorecidos, dívida externa escravista, prisão, tortura e execução dos insurgentes.
Porque os americanos não bancam a “Polícia do Mundo” na África, erradicando a fome e a miséria, juntamente com os europeus? Acredito que a ação desarticularia, em grande parte, as guerrilhas africanas e, talvez, seja a mais sábia forma, para que os países mais ricos não criem inimigos ao redor do mundo.    


O monstro que vocês afirmam combater foi criado por vocês. Então, se virem!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Sol e Lágrimas – Cap. IX


Por: Alexandre Mendes

       Quando chegou o cair da tarde, Odimar ganhou a sombra das árvores que margeavam a trilha, pela lateral do rio. Sua prudência foi, lentamente, sendo tomada pelo cansaço. Colocou o revólver na cintura, novamente, pois só ouvia o canto dos pássaros e o chacoalhar das árvores no vento. O perigo parecia estar muito longe dali. O sol havia o abatido por demais, o seu corpo e a sua mente, entretanto, o desejo de resgatar sua mãe era muito mais forte do que tudo isso. Lembrou-se de como gostaria de ter passado mais tempo com sua família, principalmente, durante a infância. Recordou-se do dia em que foi arrancado de sua família e obrigado a trabalhar no pastoreio das ovelhas, em outra propriedade de Seu Sebastião, a Fazenda Pirucutú. Nesse tempo, Odimar tinha apenas seis anos de idade. Guardou em seu coração, a dura recordação da primeira noite longe de seus pais, dormindo naquele celeiro improvisado de dormitório, junto a outras oitenta crianças, aproximadamente.
Trabalhavam do nascer ao pôr do sol, sete dias por semana e, então, descansavam somente a metade de um dia, de acordo com a escala de folga, feita pelo Capitão Tinoco, o chefe dos capatazes. O meio dia de folga era o único momento em que podiam pensar em si mesmos.
      “Péricles” era um nome que jamais sairia de sua cabeça. O menino era seu vizinho de esteira no celeiro-dormitório e fora seu melhor amigo, dos seis aos dez anos de idade. Péricles tinha a mesma idade de Odimar. Infelizmente, o garoto teve a péssima idéia de fugir do cativeiro. Parecia não agüentar mais a escravidão. Chorava muito, com saudades de sua mãe, enquanto levava o rebanho para o bebedouro.
Certo dia, aproveitara a distração do jagunço que estava no plantão e embrenhou-se, mata adentro, sem destino planejado para a sua vida. O pobre coitado teve o infortúnio de ser capturado, algumas horas depois, pelo Capitão Tinoco e seus auxiliares.
Levaram-no de volta a fazenda e o içaram pelos braços, por uma corda pendurada em um grosso galho de árvore. Seu corpo nú suportou o frio da madrugada e o raios do sol escaldante, durante dois dias, sem comer ou beber nada. De vez em quando, Odimar e os outros meninos podiam ouvir a súplica murmurada por Péricles, pedindo a presença de sua mãe, junto a ele. – “Mãe! Mãeeee!” – E desabava em soluços, até desmaiar novamente.
Odimar trabalhava duro no campo, quando viu Seu Sebastião chegando a cavalo.  O patrão aproximou-se do moribundo dependurado e, ainda montado em seu puro sangue, argumentou com Capitão Tinoco algo indecifrável para o pequeno Odimar, devido a distância em que estava. Em seguida, o fazendeiro lançou suas esporas sobre o lombo do animal, guiando-o em direção aos meninos. Odimar lembra bem daquele olhar maligno do velho sobre eles, amaldiçoando-os: - Espero que sirva de exemplo!
Enquanto muitos ainda tremiam de medo com a presença de Seu Sebastião, poucos perceberam de imediato a fumaça que subia, devido a combustão da carcaça pendurada de Péricles: os bandidos haviam colocado fogo no moleque, ainda vivo, para que os demais presentes jamais ousassem repetir a façanha.