Por: Alexandre Mendes
Acabei de ver uma cena que me chocou. Mas, para que vocês possam entender o boom da cena para mim, é necessário que voltemos ao dia anterior. Eram oito horas da manhã. Estava no interior de um ônibus que começava a subir a serra de Piratininga. Logo nos primeiros metros, me defrontei com um atropelamento. Um carro vermelho parado no acostamento. Um homem com camisa de botão desce do carro com as mãos na cabeça. Parecia estar pedindo perdão. Sua lamúria evidenciava que o acidente acabara de acontecer.
No chão, um homem branco, com os braços estirados na direção do acostamento. A camisa estava dobrada até o alto do peito. Mamilos e umbigo a mostra. Sua cara estava mutilada devido aos cacos de vidro do parabrisa do carro.
O motorista colocou as mãos na cabeça e pegou seu celular.
O que mais me impressionou foi o fato da vítima estar com uma bermuda amarela, abaixada até a altura dos joelhos. A cueca preta apontava que a vítima era do sexo masculino.
A princípio pensei: Um estranho morreu e daí?
Agora passo pelo mesmo lugar do acidente e vejo um grupo de pessoas. Um homem está no centro deles e parece estar homenageando o coitado que morreu aqui, ontem de manhã. Puxa, então pensei: Quem não significa ninguém pra mim, pode ser muito triste para alguém que fica. As pessoas temem perder seus entes e amigos mais próximos. Pessoas que deixam muita saudade para alguém.
Foi então que me lembrei de como eu tinha medo da morte quando era pequeno. Ah! Meus cinco, seis anos! Eu sonhava com prédios desmoronando na minha cabeça. Eu pulava de um bloco de concreto para o outro, para não morrer debaixo dos escombros. Eu sempre sobrevivia...caramba!
Eu tinha um amigo que era filho do vizinho, e ele trazia seus carrinhos e brincávamos na varanda da minha casa. Nossa amizade durou até a copa de 82. Ele tinha apenas oito anos. Um tumor tomou conta do seu cérebro e ele morreu no finalzinho da copa. Fiquei transtornado com a morte dele, assim como aquelas pessoas que homenageavam o defunto na estrada.
Mas a morte é um conceito que acompanha o homem, desde a sua concepção, até o seu encontro com ela.
Quanto mais nos aproximamos do fim das nossas vidas, mais nos conformamos com a chegada da morte.
Bom texto, amigo Alexandre. As mortes às vezes para nós parecem só um número. O cotidiano frenético na sociedade moderna faz com que tenhamos poucas oportunidades para parar, pensar, refletir, sentir e entender toda a dimensão que o término de uma vida pode significar para os que ficam por aqui.
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