Por: Alexandre Mendes
Fui abordado por um sujeito, ontem, que criticou a minha forma de pensar sobre as relações de trabalho, forjadas no fortalecimento do sistema capitalista. No entanto, não me abalei. Já havia ouvido pessoas que pensavam de forma parecida, mas nunca com tanta veemência, convicto do que pregava.
Seu nome era José Carlos, 56 anos, baiano, marceneiro e morador de Jacarepaguá. Conheci-o em um bar, no Rio Comprido. Ouvi vários trechos de sua vida; sua infância sofrida na Bahia; quando veio morar no Rio e a descrição severa de seu pai. – O cara é guerreiro, assim como eu. – Pensei.
Conversamos sobre diversos assuntos, até que tocamos no assunto de trabalho. Foi aí que Zé Carlos expôs a sua opinião sobre como se comportar em uma entrevista de emprego e a demonstração de submissão ao patrão. Zé Carlos acredita que nas relações sociais entre empregado e patrão, o explorado deve ser obediente em todas as situações. Para ele, o trabalhador assalariado não deve discutir sobre as atitudes e exigências da direção de uma empresa, com outros funcionários. Confesso que não entendi. Como um marceneiro com o seu ofício capaz de libertar o trabalhador das garras da opressão salarial, podia estar dizendo aquilo? Sempre admirei os ofícios que libertam...
O comércio ambulante é reprimido pelo Estado, prejudicando milhares de desempregados, tornando o trabalho especializado um conhecimento importante para a subsistência dessas pessoas.
Quanto à ideia de submissão cega ao patrão, discordo, pois se não houver diálogo entre os funcionários, o empresário ou qualquer outro órgão explorador, tomará uma posição ditatorial e escravagista...